Taxa de mortalidade nesta estação é superior
Há pelo menos 50 anos, especialistas em todo o mundo observam o aumento da mortalidade por doença cardiovascular durante o inverno. A relação entre óbitos e fatores meteorológicos é acompanhada em diversas cidades do mundo. A taxa de mortalidade nesta estação sempre foi superior do que nas demais (cerca de 50% a mais), enquanto no verão esta taxa costuma ser mais baixa, independentemente da idade e sexo.
Estudos brasileiros mostram que, em temperaturas mais frias, com médias diárias abaixo de 14ºC, ocorre um aumento de até 30% nos casos de morte por infarto do miocárdio. “O clima frio desencadeia também outras doenças cardiovasculares, como acidente vascular cerebral, angina e arritmias cardíacas”, afirma a cardiologista Adriana Taboada, integrante do corpo clínico da Clínica ADS. Segundo ela, os riscos são ainda maiores para pessoas que apresentam colesterol elevado, hipertensão arterial, diabetes, tabagistas e idosos.
Mesmo morando numa região de clima tropical, os baianos enfrentam quedas de temperatura significativas nessa época do ano, sobretudo em algumas cidades do interior. Portanto, todo cuidado é pouco para evitar danos ao coração durante esses meses.
A médica explica que os mecanismos envolvidos nesse fenômeno não são ainda claramente entendidos. “Ainda são necessárias novas investigações para melhor compreensão do papel desempenhado pelo meio ambiente, especialmente de fatores como a temperatura e as infecções respiratórias, na gênese do infarto”, afirma Dra. Adriana. No inverno o organismo fica mais suscetível às doenças virais. “Durante os processos infecciosos, a inflamação das placas de aterosclerose tende a piorar, aumentando a chance de rupturas e consequente infarto do miocárdio. “A vacinação contra a gripe no outono reduz a taxa de infarto no inverno, especialmente nos idosos”, explica Dra. Adriana.
Outra explicação plausível pode ser a de que, durante o frio, os receptores nervosos da pele estimulam a liberação de adrenalina e noradrenalina, este último um hormônio responsável por contrair os vasos sanguíneos. O estreitamento dos vasos, embora não seja tão significativo, pode gerar rupturas de placas de gordura no interior das artérias coronárias, que irrigam o coração. “Isso pode causar desde angina (dor no peito) até quadros mais graves de isquemia no coração (falta de circulação nas artérias coronárias)”, diz. Para os idosos, alerta a cardiologista, os perigos são ainda maiores. O frio pode aumentar a pressão arterial e o risco de acidente cardiovascular.
Outro fator que merece atenção é a variação súbita da temperatura. Conhecido como choque térmico, a transição de um ambiente muito aquecido para um lugar mais frio pode desencadear alterações cardíacas. “O choque térmico costuma desencadear episódios de angina do peito naqueles que já são portadores de doença coronária”, alerta Adriana Taboada.
Cuidados preventivos – Cuidar dos hábitos alimentares e praticar exercícios físicos, mesmo enfrentando o friozinho, são atitudes que colaboram para evitar os riscos de doenças cardíacas nessa época do ano. Geralmente, as pessoas optam por alimentos mais pesados no inverno, ricos em gordura, e diminuem a frequência das atividades físicas. “Essa combinação pode ocasionar descontrole dos fatores de risco para doenças cardíacas”, destaca a cardiologista da ADS.
Proteger-se adequadamente do frio e, para os diabéticos ou portadores de hipertensão arterial, evitar sair em dias muito frios são outras dicas importantes. “Algumas cidades do interior da Bahia apresentam baixas de temperatura bem significativas, a ponto de parecer que estamos em outras regiões do país. Por isso proteger-se com luvas e cobrir o rosto quando a temperatura estiver abaixo de 15 graus, sobretudo se estiver ventando, não é exagero, é cuidado”, acrescenta a médica.
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